sábado, 15 de março de 2014

DOS PÁTRIAS

Já não me lembro
do apito do trem,
na velha estação...
Quando ele vai ?
Quando ele vem ?
Não me lembro
do azul da Cordilheira,
no terno desbotado
do meu pai.
Vem de Bauru !
Vai pra Santa Cruz !
Pelas serras, no cerrado,
as baías, pontilhão !
"No me lhame mami,
yo, no voy,
tengo dos Pátrias,
mi corazón y Corumbá ! "
Tenho saudades no avesso
que se molham
nas águas do rio,
e uma fé fugitiva,
ver pra crer !
Os meus dias,são de viver.
Minhas noites,são pra sonhar,
e as manhãs pra me encantar.

AMOLAR

Molhei meus pés
lá no rio,
sou criança,
vou brincar !
Espalhei meu olhar
no horizonte,
alcançou o Amolar !
Lá, sou bicho,
de vida cigana,
o mundo é o meu lar.
Lá, sou a chuva
que cai de repente,
sem aviso,
o chão seco vai inundar...
Lá, sou semente sem par,
em qualquer canto,
vou brotar.
Lá, sou o vento
indomado,
atrás dele vem a paz.
Lá, sou mais um coração
que fugiu cá da cidade,
para enfim, poder pulsar !