domingo, 11 de maio de 2014

MATADOR

Meu amor
anda sem palavras,
e tem muito o que dizer.
Ficaram ali pelo meio,
entre a garganta e a boca,
como um detrito,
como um delito,
como um mal dito !
Meu amor
se tornou um bandoleiro,
ladrão, guerrilheiro,
abriu fechaduras e travas.
Ficou com as chaves.
Ficou com a cara brava.
Falou pelos poros !
Falou pelas mãos !
Falou pelos olhos !
Foi perdoado e aceito,
se tornou um matador.

FAMÍLIA

De manhã
o som do rádio,
toca meu interior.
Abre portas de lembranças...
Um café, por favor !
Meu sorriso escuda tristezas...
de uma canção de um mal amado,
defende o meu cercado
e um punhado de certezas.
Tenho o  sol de abril,
esperando pra esfriar.
Tenho um céu de anil,
invadindo o meu olhar.
Sonho com dias de setembro,
com flores pra enfeitar...
Sinto ! Ainda me lembro...
Todos juntos ao jantar.

MINHAS VERDADES

Vou rir
e esconder minha fragilidade !
Ninguém precisa saber,
onde moro nessa cidade.
O meu rumo está no mundo,
minhas verdades, no fundo.
Não preciso andar por continentes,
procurando minha origem,
sou filha de um bugre faceiro,
e de uma mãe coragem
Se eu soubesse do futuro,
não cruzava seu caminho,
amor, que é amor, pra mim
ultrapassa o juramento,
fica no firmamento,
vivendo do seu invento.
Vou chorar
e mostrar toda minha força !
Só eu preciso saber,
onde ela está,
pra levantar minha parede
quando ela desabar,
e recomeçar,
até eu me acabar !

UM TEMPO

Ah, meu amor !
nem a poeira e as traças,
nem o silêncio que me abraça,
fazem parceria em meu exílio.
tenho a presença do vento
que assovia à minha porta,
que seca os meus molhados,
que esparrama os meus guardados.
Tenho o sol que grita:
Cada manhã é outro dia,
mas eu não quero ouvir.
Tenho a noite invasora,
revirando os meus cheios,
trocando de lugar, meus vazios,
deixando uma dor no meio.
Ah, meu amor !
Só a chuva que cai, e seu nublado,
me faz sentar displicente,
nas bordas do tempo, um tempo,
fazer poesia
pra minha saudade abortar.