sábado, 30 de junho de 2012

LUA

Lua,
hoje você apareceu
com olhar de peixe morto,
estavas minguando
entre nuvens escuras.
Estavas fria,
mesmo assim,
seguistes teu caminho,
como quem houvesse  lido
o destino,
em mapa astral
e,cheia de si,
tivestes certeza que serias
eterna rainha.
Ainda que sejas invadida
e acabem com a doce miragem
de tua paisagem,
que só os enamorados
conseguem ver,
continuas crescendo em meus olhos.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

CHUVA

Hoje o céu acordou chorando,
um choro bem mansinho.
Soluços saiam quietinhos,
mas depois foi só desespero,
o choro inundou o lugar.
O dia foi ficando triste,
semicerrando as cortinas,
nublou até minha esperança
de um dia melhor surgir.
Eu,que já estava calada,
tentava pregar um sorriso
no rosto todo fechado,
bem diante do espelho.
A propaganda tão falsa
de uma felicidade aparente,
não convenceu nem a mim
e,me pus a chorar;
sem ninguém prá me abraçar.
A tempestade do peito
inundou a minha casa.
Apesar de ser em vão,
meu coração fez discurso,
querendo me acalmar;
mas a tristeza  maior,
ganhou espaço na chuva,
me fez chorar mais e mais...
Dentro de mim o oceano,
cobre buraco profundo
e,a fonte que o alimenta,
vive de desaguar,
prá não me afogar na angústia,
de uma inundação cá no peito,
eu me ponho a chorar.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

AMÉRICA

O sangue que corre nas veias,
serpenteia a Cordilheira,
abre fendas traiçoeiras
prá chegar ao coração.
Há vale aberto no peito
e,se mostra sagrado.
Há ilhas do sol no olhar
e,eu vejo o Titicaca,
sinto que é você
pois eu vejo o seu azul,
o mais puro azul royal,
sob um céu de puro anil,
sem,azul jamais o ser.
Há lagos tão verdes esmeraldas,
que me enganam o olhar,
é um verde que não está lá.
Há desertos tão perfeitos,
postados no espelho de Marte,
é laranja,é uma febre que ataca,
me ata,em pé,na cama,
de noite,no frio,
de dia,ao sol.
É místico,é árido,
é mágico o seu jeito,de Atacama.
Fica seco o meu olhar,
quando diante de ti,estou,
me deixas com falta de ar,
me levando às alturas,
me sinto até mais pura.
Há Salar e, o tempero de cozinha,
vai sobrando no lugar.
Tudo branco e, no branco,eu sozinha,
e, um vulto no horizonte;
não colhas frutas por lá,
nada é doce,é puro sal.
Há um Continente glacê,
e,eu quero me lambuzar.
Há um cerrado alagado,
e,eu quero me banhar;
no meio de tudo uma rede,
e,eu quero me balançar.
Há vida sofrida,esquecida,
nas cumeeiras da América,
meus pés andaram por lá,
e,algo me aconteceu,
plantei saudade castelhana,
em coração brasileiro.

                                     

ASSOMBRADO

Tento encontrar um jeito,
apenas,seguir adiante...
O corpo apresenta defeitos,
anda muito desgastado
e, me derruba por instantes.
Eu não me perdoei
de pecados que surgiram do nada,
de culpas que brotaram em mim;
de onde vêm,eu não sei,
talvez,nasceram comigo,
ou,simplesmente me cairam no colo
e,pesaram em meu peito.
Eu não tinha riqueza em ouro,
eu só tinha o seu amor.
Ele me alimentava a alma.
Ele me trazia a calma,
como se noites quietas
que adormeciam os bichos,
voce fizesse acontecer.
Vinha desse amor a proteção,
como um barco ancorado no cais,
que fugiu da tempestade.
Era seu braço e o abraço
que me juntava lá dentro,
dando minha direção...
Cada dia sem você
é como sonho secreto arrancado,
é como esperança abortada,
é como destino sem planos,
é como corpo sem alma
tentando sobreviver.
Quando a noite me cerca
e,a escuridão me cega,
meu coração assombrado,
vê o que não está mais ali,
seus olhos brilhando,vagalume,
vagando sem me enxergar.

MATEI A FLOR

Faltou atenção para a flor.
Faltou olhar com amor.
A veia d'água salgada
foi chegando à raiz.
Faltou ponta de dedo delicado,
à terra,em volta da flor,
o seu vermelho despetalado,
foi se abrindo sem paixão.
Inerte,ao chão espalhada,
murchou sob o sol,esquecida,
só a terra a amparou condoída.
Não fez tapete no gramado
pois,o verde já estava manchado;
nem beija flor assanhado,
um beijo lhe deu,na aflição.
No caule desorientado
que o vento deitava sem dó,
um botão desmaiado,
não deu conta da desgraça,
não vingou,, o solitário,
não recebeu a graça,
naquele canto da praça.
Cada dia que atravesso,
nem a mim mesma confesso
se,o amanhã vai me encontrar...
A dor que trago no peito
que,me mata bem devagar,
trouxe com ela um defeito,
o de contagiar o redor
e,me faz sentir pior.
Minha dor alcançou o jardim;
matou aquela  flor, por fim.