terça-feira, 27 de novembro de 2012

ENGRAÇADINHA

Hoje, acordei desigual,
com o pé esquerdo à frente,
boca aberta, sensual.
Hoje vou fazer diferente !

Vesti mini saia colante,
sandália prata, rasteirinha,
um top pink brilhante,
me senti a menininha !

O sol, lá fora, fugiu,
lançando faíscas em mim,
não gostando do que viu,
em meu dia  pôs um fim !

Cabeça baixa, descontente,
tirei toda a maquiagem :
"Sessenta ! Se olhe inteira, de frente !
É foi surto, sem noção essa viagem.


domingo, 25 de novembro de 2012

RECONHECIMENTO

Penso, que chegou o momento,
que chegou a hora,
de ir com um pouco mais de calma.
Saborear a vida simples
como doces pedacinhos,
aos pedacinhos.
Saber que gosto tem,
a visão do inesperado
que, o meu universo,
tem um lado duradouro.
Desejar, que o eterno
se confunda com o infinito.
Pensar, que posso dar
o meu dia de presente,
a quem só me inspira
e, é meu bem mais precioso.
Agradecer, que já nasci
com os pés postos na estrada,
indo de encontro
às manhãs de esperanças.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

A PRÓPRIA

Aonde vais
com esses passos lentos?
Cuide,que a noite
já bate à sua porta,
parado aí,ela vai te encontrar.
A vela acesa,
só serve prá espantar.
Farol de milha,
só serve prá cegar.
A luz de amigos,
não dá prá emprestar...
Pare um momento,
tente se lembrar,
fixe o olhar
um pouco lá prá dentro...
Verás a luz
que vai te iluminar.

domingo, 11 de novembro de 2012

MUNDO DA LUA

Éramos tão jovens!
Não tínhamos idade,
dividíamos nossa identidade.
Tínhamos sabor de semente virgem
a ponto de explodir,de se lançar ao chão
e,procriar o amor.
Tínhamos um vagar para sermos brisa,
aragem,soltos,livres,inocentes,
se afagando,se tocando,se sentindo;
sendo um no outro,o outro no um.
Vinhas manso para o meu lado,
eu,ia sem cuidado para o seu lado,
como quem só nasceu para ser folha verde,
protegendo um botão,que será flor.
Não sabíamos de limites,
nossa janela se abria para o horizonte.
Não sabíamos do fim das coisas,
vivíamos desconhecidos do perigo,
sobre a linha que equilibrava
o nosso eterno e o nosso infinito.
Éramos feito o dia que nos desenhava tudo.
Éramos a própria noite,
brincando de se esconder na escuridão,
com sinais de luz no caminho
para o "João e para a Maria."
Tínhamos por destino,viver no universo,
em uma casinha de boneca,no final da via láctea.
Éramos nosso primeiro amor,
brincando de amar na lua.

GOSTAVA MAIS...

Gostava mais,
quando tu,eras feito de mata,
de rio,de chuva,temporal,de clareiras.
Eras o próprio relâmpago,
trovão, rugindo entre as estrelas do Pantanal.
Gostava mais,
quando teu canto era de força,de guerra,
de plantio,de colheita, de crença
e,te igualava aos bichos da floresta.
Gostava mais,
quando tua fogueira te guardava,
te aquecia,te alimentava,te iluminava
e,a fumaça ia de encontro aos teus espíritos.
Gostava mais,
quando teu cocar de penas te dava autoridade
e,aos meus olhos,um arco íris,
o mais belo desenhado na terra.
Gostava mais,
quando teu corpo nu
era pintado de coragem, da onça,
do bugio,do lobo guará,da anta,
do jacaré,da ariranha,da sucuri...
Quando teus pés descalços
abriam caminhos sem destruir
a natureza.
Gostava mais,
quando eras Atikum,Terena,
Bororo,Cinta Larga,Guarani,Guató,
Kadiweu,Kinikinawa,Ofaié,Kaiowa,
Xavante,Xiquitano,Guarani Kaiowa.
Gostava mais,
quando não sabias do Pai Nosso,
quando não sabias de mim,
de minhas crenças,minhas doenças,
de meu quintal cercado de ambição.
Não serás mais curumim,
cavaleiro,canoero,guerreiro.
Por que não te deixaram assim?
Fizeram de ti forasteiro em tuas matas,
sem arco,sem flecha,sem zarabatana,
sem oca,sem taba,sem tribo,sem etnia.
Sem chão.
Cobriram teu corpo de trapos sintéticos,
deram um nó em tua língua
e,agora cavam buracos para porem lá,
a tua história.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

A MÃE QUE PARIU O MONSTRO

Posso ouvir os pássaros lá fora,
nessas manhãs em que quero me levantar.
Posso ver o temporal ao longe se formar,
vento manso vem primeiro me avisar
que a chuva vai enfim molhar essa secura.
Posso tocar deslumbrada a valentia
de uma florzinha singela,
sobrevivendo ao lado de uma estrada poeirenta,
alheia ao perigo dos caminhões,das queimadas...
Minha imaginação,me leva para qualquer lugar.
Minha solidariedade segue além de minha porta,
apesar de saber que é um grão em meio a tanta areia.
São coisas simples que eu sei.

Eu não sei de quanto tempo é preciso para que
o amor consiga vencer as diferenças no mundo.
De quanta paciência precisa para atravessar tantas barreiras;
se cada manhã,nos chega como um milagre,
como pode depois, nos atingir como um pesadelo?
O ódio só precisou de cento e dois minutos
para mastigar a minha crença no bicho homem,
causou dor de navalha,fez um buraco em nosso peito,
fez a gente sangrar,virou anjo vingador com espadas de aço,
atravessando concretos como se fossem papéis.
Tanta gente se perdeu...
Será que o amor está com a validade vencida?

Penso na mãe que pariu o monstro,
mais um em meio a tantos...

                                           (sobre o onze de setembro)


Cabe aqui algo que li em uma parede em Santa Cruz de La Sierra,
"Yo soy el hombre de la selva
perfume,
cântico y amor
pero encendido de relampagos
pero rugiendo de huracanes
yo soy um rio de pie."
                           Raul Otero Reiche

Apesar e tudo,seguimos adiante,os bons,fazendo o seu melhor para o mundo,a vida.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

DIAS DE CAÇA

De manhã,o som do rádio
espalha na praça,hinos nacionais;
somos peixes em aquários,
já não lemos os jornais.
Nada de "pega pega"à noitinha,
nossos pais nos repetiam jograis,
entre as letras da cirandinha,
havia fatos,histórias reais.
Tanta gente se perdeu,
naqueles dias e noites arbitrários,
tingiram de medo os sonhos meus,
minhas crenças,escondi em armários.
"Sou lesma,embaixo do cobertor
enquanto a lua explode no quintal",
a claridade indiferente á nossa dor,
deixava tudo,quase normal !
Conti o coração de menina
pois,a liberdade estava esmagada
mas,vi seu farol de neblina,
adentrando as frestas das barricadas.
De manhã o som do rádio
me diz que sou livre prá ouvir
o que quiser...

sábado, 3 de novembro de 2012

SÃO CAMINHOS

Andei sabendo
que me mandas beijos,
por um caminho
que não vou passar,
as nossas trilhas
desenham paralelas,
nossos horizontes
brincam de se encontrarem.
Levo no rosto
sinais de minhas perdas,
carrego um fardo
que só a mim não cabe,
aprendi, enquanto caminhava,
a equilibrar a dor
que em meu peito se abrigava.
Enquanto marco
o chão sob meus pés,
deixo prá trás
a minha solidão;
meus pensamentos,
já voam em liberdade,
abrem caminhos pela via láctea
e,aqueles beijos que você me manda,
serão estrelas antigas
que o tempo vai incendiar.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

EM ABERTO

Da beira do inferno
eu vi teu céu azul,
me puz toda de branco,
um quadro prá pintar.
Nem eras um Picasso,
viestes lá do sul
mas,tinhas uma magia,
de um rio,fazias o mar.
Estendi minha alma ao vento,
amanheci neblina
com seios de aconchego,
prá te guardar melhor,
das ruas veio a pressa,
com fúria de rotina,
um hábito já maldito,
cercou o meu redor.
Preciso de uma trégua
em meu interior,
ficar destino pronto,
inteiro ao seu dispor,
te ouvir em meu silêncio,
em meu lugar mais fundo.
É pouco o que desejo,
meu tempo mais quieto,
deixar fluir nas veias,
meu querer em liberdade,
saber que estou em aberto
saber que vais plantar
em meus braços o teu afeto.