domingo, 6 de novembro de 2011

" OS DOCES "

Quando os doces se encontram,
desaparecem as amarguras.
Suas festas, hoje encantam,
estão repletas de gostosuras.

Caem de boca no mel,
enchem a cara de garapa,
guardada no grande tonel.
Não precisa ter um mapa.

De chocolate é o vestido dela,
com cristais de coco ralado,
perfumada de laranja e canela.
E o sapato? Acúcar queimado...

Ele,gostoso como um enfeite,
num terno baba de moça,
gravata de doce de leite.
Pavê seu sapato,só destampando a louça.

No salão enfeitado com maçãs do amor em gel,
deslizam os casadinhos,
esperam na lua de mel,
enfim, comerem sozinhos...

sábado, 5 de novembro de 2011

EU AINDA ESPERO

Eu ainda espero,
não ver mais crianças nas ruas,
largadas,soltas, já taõ cruas,
crescendo em fôrma bruta.
Não esbarrar em velhinhos,
mendigando atenção
ou, vendendo picolés,
esfriando nosso quente verão.
Que a solidão dessa gente
carregue uma enorme bandeira
e,se junte num forte partido,
erguido na transparência.
Que haja uma certa urgência
para os problemas resolverem.
Que haja um canto quentinho
um pão,uma cama,um afeto,
tudo dentro de um teto,
para aqueles que ficaram à margem
de tão difícil caminho,
os que caíram do mundo.


Eu ainda espero
que os barracos de latas e tijolos,
não trepem em morrarias
e, que também não naveguem,
abrindo uma pradaria;
nem avancem sobre os rios
que já banham o concreto.
Que hajam lugares seguros,
prá tanta gente morar.
Que haja fartura constante,
entre as flores e os espinhos,
que mate a fome do pobre.
Deixem uma janela para as matas,
deixem uma janela para os rios,
eu quero poder olhar.
Deixem terra para plantar,
eu também preciso colher.
Deixem uma brecha na paz
para o mundo poder entrar.
Os preconceitos que surgem,
não tenham pavios prá explodirem,
só espalhem fumaça de tolerância nas pessoas.
Que um pedido de abraço,
ou, um aperto de mão,
sele a paz no universo.


Eu ainda espero
realizar um sonho pequeninho,
guardado no fundo do peito:
que minha alma de criança,
demore muito a crescer,
com os males do mundo curados,
eu possa  enfim adormecer
com uma canção de ninar,
no balanço de minha rede,
na varanda,em Corumbá,
cantando em doce acalanto
a voz verde de serra
do Miltom Nascimento.  

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

OS MESES

ABRIL
Já chega contando mentira
ou,faz uma pegadinha.
Às vezes diz que está com frio,
"é mentira, tô com calor".
Ninguém lhe dá muita trela,
sempre sobra nas conversas,
pois fica "em cima do muro".
Abril,não abre nada
mas também não fecha.
Fica difícil acreditar nele.


MAIO
É doce demais,quase melado,
tendencioso e esperto.
Faz-se de bobo,insignificante
mas,é esperto.
Mulheres, tomem cuidado com ele!
Ele poderá por em suas mãos,
um buquet de flor de laranjeira...
Homens,fiquem espertos!
Ele vai colocar em suas lapelas,
um cravo cheiroso,
depois prender os corações entre ambos
e,dizer: até que a morte os separe...
Ele está meio desacreditado,
suas previsões andam falhando...


JUNHO
É simplório,quase um jeca.
gosta da vida no campo.
É um senhor fogueteiro,
barulhento,dançarino,
sempre faz muitas festas.
O chão costuma tremer
enquanto ele vai passando,
na quadrilha.
Adora festas regadas a quentão,
batidinhas,pipoca,cocada,
batata doce assada na fogueira.
As moças veem prá dançar
com seus vestidos de chita.
Os moços um tanto galantes
em suas calças pescando siri,
remendadas, coloridas
e, seus chapéus de palha.
Todos alegre festejam,
os santos casamenteiros

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

OS MESES

JANEIRO
Alguém me contou
que você é festeiro,
nasce com fogo,
queimando a alegria da gente.
Gosta de branco,é da paz,
adora viajar para a praia,
para as serras,para os desertos,
encontrar a neve
aqui ou no exterior.
Gosta de fazer brindes,
gosta de fazer promessas
que duram pouco:
Para arranjar um trabalho,
promessa para emagrecer,
para engordar,
para encontrar um novo amor,
para casar.
Você inicia o ano, é chegado num aguaceiro.
Realmente você não foi feito prá descansar.


FEVEREIRO
Dizem as más línguas
que você é um trem em movimento
e já deveria parar,
pois já é hora de voltar,
a lida vai começar.
Às vezes ficas festeiro
e, fantasia quer usar.
Nas suas mãos, cinco dias
viram um mes prá folia não acabar
mas nem sempre você é assim
pois, em alguns dias ficas choroso.
Chora tanto que suas lágrimas
levam barrancos, carros, casas,
fogão,geladeira,galinhas,banheiras...
Prefiro você alegrinho.


MARÇO
Às vezes Fevereiro se cansa
e divide a festa com você
que não gosta nem um pouco:
Trabalho chama seu nome.
Delicadeza é seu nome.
Você é muito famoso
está em uma canção popular
mas também é mal humorado,
lhe obrigam a trabalhar.
Você não quer fechar o verão,
nem pegar em águas
prá fazer a faxina do mês;
quer dividir a tarefa com o
fortão do mês anterior.
Não quer molhar o campo,
nem enxarcar o encanto das cidades,
só quer ficar na canção,
virar muso,ser sucesso.