sábado, 5 de novembro de 2011

EU AINDA ESPERO

Eu ainda espero,
não ver mais crianças nas ruas,
largadas,soltas, já taõ cruas,
crescendo em fôrma bruta.
Não esbarrar em velhinhos,
mendigando atenção
ou, vendendo picolés,
esfriando nosso quente verão.
Que a solidão dessa gente
carregue uma enorme bandeira
e,se junte num forte partido,
erguido na transparência.
Que haja uma certa urgência
para os problemas resolverem.
Que haja um canto quentinho
um pão,uma cama,um afeto,
tudo dentro de um teto,
para aqueles que ficaram à margem
de tão difícil caminho,
os que caíram do mundo.


Eu ainda espero
que os barracos de latas e tijolos,
não trepem em morrarias
e, que também não naveguem,
abrindo uma pradaria;
nem avancem sobre os rios
que já banham o concreto.
Que hajam lugares seguros,
prá tanta gente morar.
Que haja fartura constante,
entre as flores e os espinhos,
que mate a fome do pobre.
Deixem uma janela para as matas,
deixem uma janela para os rios,
eu quero poder olhar.
Deixem terra para plantar,
eu também preciso colher.
Deixem uma brecha na paz
para o mundo poder entrar.
Os preconceitos que surgem,
não tenham pavios prá explodirem,
só espalhem fumaça de tolerância nas pessoas.
Que um pedido de abraço,
ou, um aperto de mão,
sele a paz no universo.


Eu ainda espero
realizar um sonho pequeninho,
guardado no fundo do peito:
que minha alma de criança,
demore muito a crescer,
com os males do mundo curados,
eu possa  enfim adormecer
com uma canção de ninar,
no balanço de minha rede,
na varanda,em Corumbá,
cantando em doce acalanto
a voz verde de serra
do Miltom Nascimento.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário