domingo, 30 de janeiro de 2011

APENAS OLHANDO

Pela grade da janela
do meu apertado quarto,
vejo a palmeira diferente
que você largou no chão.
Ela cresceu muito...
MMMAAAJEESSTTOOOSAAA
brilha sob sol de céu azul.
O vento lá fora balança
as folhas recortadas como
um rasgo.
Ssssuuuaaavvvveeeemmeeennte...
Os telhados e as paredes das casas
vizinhas,inertes,se acercam assombrosos
de sua majestade.
Inúteis,tentam esconder a beleza
que indiferente,segue para o alto.
IMMPPOONNEENNTEEE.
Aqui dentro em meu quarto,
em meu leito de doente,
o meu teto é limitado,branco e,
finito.
O vento que sopra em mim,
é de um velho ventilador
tentando refrescar minha febre,
com energia paga e cara.
La fora tudo quer ser infinito,
o brilho do sol,
o verde das folhas,
o vento dançarino.
Eu? nada tenho de infinito
mas meu pesamento é
andarilho,não está doente,
não está no leito,
VVvvOOoooAAAaaaa...

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

AQUELE BLUES ANTIGO

Meu tennis velho já desmancha
mas,é ele que me leva para casa
pois conhece bem caminho.
A calçada tem covas rasas
eu carrego minhas asas,
está tudo tão calminho,
vou seguindo bem sozinho.
Vou cantarolando.
Vou assoviando,
aquele blues antigo,
fazendo dueto com minhas lembranças.
Vou sozinho,
vou seguindo.
Tudo está tão calminho.
Vou cantarolando.
Vou assoviando
aquele blues antigo.
Gato preto arrepiado
passa ali adiante.
O meu coração errante
bate de porta em porta,
ganha mais uma mina.
Não tenho medo.
Não tenho segredo.
Tenho um pé no cerrado,
outro lá na fronteira,
pode tudo ser besteira
mas,sabes o que me gusta?
É aquele blues antigo
que você tão clara e justa,
cantou só para mim.
A cidade quase dorme.
As distâncias são enormes,
eu apenas quero paz
nesse simples caminhar;
pois agora estou bem calminho.
Vou cantarolando.
Vou assoviando
a canção do velho bando:
aquele blues antigo.



.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

DESFECHO

A boca seca pede água.
Minha paixão queima só.
Meu corpo banhado de mágoa,
na garganta dá um nó.

Mão na mão,uma é caça
lutando prá sair da armadilha.
Equilibrio,bebe o fel dessa taça!
Esperança, vá ser andarilha!

Olho no olhar maltratado
se perdem entre labirintos.
O amor já foi deportado.
O ódio reina, é vilão faminto.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

BAIA BONITA

O sol sangra à tardinha,
artérias rompidas no espelho da baia.
Minhas mãos em concha se avizinha:
tentava aparar o sangue que caia ...

Enquanto a noite engole o dia feito fera,
emudecendo filhotes a sós em ninhos,
na varanda o meu anseio espera,
o rastro de poeira, ao longe,no caminho.

O céu é tela que o pintor descuidado,
deixa cair um balde de estrelas,
que se abrem em redes bordadas com diamantes.
Obra prima! Eu não o vi tecê-la
mas, me faz pensar que ele é gigante.

É só aqui,nessa planície mágica
que os milagres sempre acontecem.
Longe de tudo,a vida pode ser trágica
mas é paraíso,estão aqui, só os que o merecem.

A língua mansa da fogueira lambe a escuridão,
transforma em brasa o inesperado obstáculo.
A lua cheia finge ser um lampião,
quase sem pressa vai crescendo no espetáculo.

Para minha amiga Maria Esther,dona da Baia Bonita(Nhecolândia),que um dia me acolheu no paraíso,num momento em que eu precisava me esquecer,me refugiar em qualquer coisa.
Que bom que você me colocou diante de sua janela:voei em cada asa de pássaro,caminhei com cada bicho que passou,me encantei com a simplicidade das coisas e com o afeto das pessoas.
Que bom que você é minha amiga,me ajudou a ver que estou viva,em pé.
Muito obrigada !

domingo, 16 de janeiro de 2011

NOITE

Noite,mergulha no escuro,
se esconde atrás de muros,
velha birrenta,não quer aparecer.
Cores sangrentas fazem show sob luzes,
denso espetáculo prá quem pode ver.

Noite insiste, quer descansar,
persiste nas trevas,faz sombra pro olhar.
Cada dia que empurra,tentando passar,
é uma lenta tortura do desejo alcançar.

Os seres da noite
não vivem ,flutuam...
Personagens com nome,
personagens com fome
de, no dia morar.
Fazem palco das ruas,
o holofote é a lua
prá seus talentos mostrar.

Engolem o fogo de suas mazelas,
criam relâmpagos em escuras vielas,
equilibram a quimera em saltos tão finos;
o peso do sonho,a vida mais bela,
é granada esquecida ainda com pino.

Noite que chora
lavando suas dores.
Noite que implora
prá desaparecer,
me deixa dormir!
Não sou companhia
no seu destruir.
Perca essa mania
de acobertar esses dramas
e,caia em sua cama.
Não és tão vadia!
És doce agonia
de pura magia,
ao amanhecer.