sábado, 27 de novembro de 2010

ACORDE AMOR

Acorda,amor!
O seu olhar
ainda é inocente,
descansado mas, errante,
procurando repousar.
Eu estou do outro lado,
sem a inocência de antes,
com a verdade de agora
e, o medo de outrora,
tentando me encontrar.

Acorda,amor!
O seu sorriso
é doce ,ilumina,
abre portas,constrói ninhos,
clareia os seus caminhos,
te conduz sem tropeçar.
Eu estou do outro lado,
tão perto...tão distante
e,não sei como ir adiante,
só quero te encontrar.

Acorda ,amor!
O tempo
desenha em seu corpo
rabiscos descoordenados,
mapas de velhos tesouros,
que a vida não vai guardar.
Eu estou do outro lado.
O sol queima meus segredos,
a noite espõe os meus medos,
difícil de escapar.

Acorda, amor!
Os seus passos
são livres prá ir e vir.
Cumpra suas promessas
pois o tempo é bem curtinho,
agindo como eterno,
fugindo do inevitável.
Eu estou do outro lado,
sem corpo,sem face,sem graça.
Sou sombra que perde os traços,
o breu invade meu espaço,
tentando me apagar.

Acorda,amor!
Saia desse quartinho,
atravesse meu caminho,
mude tudo com um abraço,
me leve prá outro canto.
Não quero estar desse lado.
Vamos ficar bem juntinhos,
nessa nova estação.
Quero pegar esse trem,
bem segura em sua mão,
em busca de sonhos mais lindos.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Caminho

O caminho comprido
leva você.
O caminho dá voltas,
regressa prá mim,
é leito de rio
que desaguou.
Beijo roubado,
lembra de mim,
dê o recado,
eu posso te ler.
Coração mal amado,
faça de tudo,
lamba as próprias feridas,
grite bem alto.
Não fique mudo,
dê o recado.
A noite é bem longa
antes do amanhecer...
Olhe prá trás,
vem me salvar.
Estou prisioneira,
vem me soltar.
Estou perdida,
vem me encontrar.
Estou machucada,
vem me curar.
Estou vazia,
vem me amar.
Estou tão triste,
o que eu faço,
doce palhaço?
Vem me alegrar.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

" AGA"

Você não me pede mais,
"Qué aga manhêê !
Você não me mostra mais,
onde dói.
Você não bate mais
à minha porta,do quarto,
nas tardes de sábados
enquanto tento estudar
para a prova da faculdade,
"Manhêê !Ô Manhêê !Ô Manhêê!
" Aaabi manhêê!
Toc- toc-toc !
Você não pede mais o meu colo
prá me sufocar num abraço,
grudando sua bochecha
em meu rosto.
Gostoso aperto!
Você não brinca mais
de esconde-esconde com seu irmão,
e adormece dentro do guarda roupa,
em meio às calças de seu pai
enquanto eu e Rafa lhe procuramos
pela casa,apavorados...
Você não perde mais,
a fala,diante das bicicletas
deixadas pelo Papai Noel
ao lado da àrvore de Natal,
naquela manhã especial:
"Rafa! Acorda! Vem vê!
Papai Noel trazeu !"
Você não anda mais
em seu skate pelas ruas,calçadas e praças
da cidade,fazendo mil manobras
e virando Bob.
Você não toca mais sua guitarra,
mas...
Eu ainda hoje
continuo dando ága a você.
Eu ainda hoje
quero te por no colo
prá sentir o seu abraço apertado.
Eu ainda hoje
ouço emocionada
você dedilhando aquela Sonata
em seu violão.
Que momento singelo!
Eu ainda hoje
olho prá você e vejo:
Cabeção, Bob, Nandu, Fê,
escondidos atrás do rosto sério
do moço muito amado.
Fernando,meu filho.

Para meu filho Fernando.
Quero apenas que você se sinta feliz.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

ESTRELAS DE SAL

Por um tempo
que achei eterno,
vivi-bebi-comi você.
Eu não existia.
Não era mais eu.
Também não éramos nós.
Era só você.
Você. Você. Você.
Tudo era tão normal.
Tudo era tão simples.
Tudo era tão leve,
como comer salada de flor.
Nada falava.
Nada contava para mim.
Nada me avisava
que meu chão era de vidro.
Areia movediça...
Criei espaços,espectativas.
Nada me escondia.
Nada me guardava.
Nada me prendia,
nem com sedas,
nem com correntes.
O dia e a noite amantes
na lida,na sala,na cama.
Só via diamantes
na cortina dos meus olhos.
Que derreteram
inundando meu mundo.
Caíram em meu colo...
Na verdade eram
estrelas de sal.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

NO DIA MAIS TRISTE

No dia mais triste
não alimentei a palavra amor,
ela morreu em minha boca.
Não senti o medo da dor,
a dor já morava em mim.

No dia mais triste
o sorriso ensaiou diante do silêncio.
minhas mãos me agarraram,
colocaram-me no colo da solidão.
Fechei os olhos prá minha escuridão.

No dia mais triste
o sol se acobertou em nuvens cinzas.
Minguou tímida a lua
sem forças de entrar na casa,
apenas pintou claridade na parede crua.

No dia mais triste
suicidei-me a todo instante,
olhando estrelas de sal
que vagavam perdidas entre poeiras.
Escondi-me no abismo fatal
do soluço de uma garganta que me engolia voraz.

No dia mais triste
você abriu gavetas e fechou portas.
Deixou na caixa dos meus sentimentos,
doces lembranças empilhadas e mortas
e,as suas costas cravadas em meu pensamento.

No dia mais triste
a faca cega do seu rompimento,
deixou ferido o meu sonho antigo,
deixou no limbo o meu sofrimento.
Perdi a crença em amor-amigo.