quarta-feira, 14 de agosto de 2013

VIVER

Ando ficando distante
me afastando de mim,
me encantando com coisas
simples, reais,
preciosas demais.
Plantando nabos, tomates
bebendo limão no mate,
regando rosas, jasmins,
vão colorir meus jardins;
me afastando enfim
de tudo que lembra de mim.
Janeiro aponta com chuvas,
me faz respirar melhor...
olho com amor ao redor,
é hora de viajar !
Junto alguns velhos panos,
não faço os mesmos planos,
nem quero nada insano,
só quero seguir meu destino.
Estou fechando a mochila.
Estou fechando as portas...
meu pé direito na trilha,
meu olhar no horizonte.
Sombras, se alongam no chão,
e desmancham atrás de mim,
então assovio uma velha canção.
Estou ficando mais velha,
cada dia passa por mim,
não acendo mais as velas
que lembram quando nasci.
Estou sentindo a moça,
bem lá no fundo insistente,
deseja muito viver;
deixo que ela invente
um jeito de não morrer.
Eu sinto que a cada dia,
um coração bate em mim.

domingo, 4 de agosto de 2013

FAIXA INFAME

Abre essa porta, amor,
por ela preciso passar !
Quero arrancar essa dor
que se mudou cá pra casa.
Do lado de lá, vou voar !
Meu peito em carne viva'
impede a fé de brotar.
Abre essa porta, amor,
por ela tenho que passar!
Do lado de lá, vejo o céu,
aqui não há nuvens,
em volta do sol, um anel.
Aqui, a mãe Natureza
se esqueceu do lugar,
brotou no chão uma sordidez
que veio do Canal de Suez.
Abre essa porta, amor !
Meus sonhos na faixa infame,
insistem em serem turista,
se esticam...
além do horizonte de arame
mas se rompem
bem longe da vista.
Aqui na Faixa de Gaza
vou morrer sendo tão moço!
Vou viver sendo tão velho!
À beira do rodapé do poço!
Abre essa porta,amor,
antes que seja tarde!
Antes que eu seja uma data,
como em novembro de 56 !

NO REINADO DO SOL

Vou sentar
com o rosto ao sol,
logo de manhã !
Vou limpar minha mente
de tudo que incomodar,
vou esvaziar !
Vou tentar
abrir os olhos na luz,
tentar enxergar !
Vou saber
que as lembranças,
são sombras atrás.
Elas vão ficar,
vão me acompanhar !
Vou esperar
para ver novas cenas
mais lá,onde a vista alcançar,
sem atropelar !
Vou pra lá !
Vou pra lá !
Vou ficar
bem de frente do sol,
bem diante de onde nasce.
Vou aguardar
se eu chegar muito cedo.
Vou mudar minha cor.
Vou contar com o favor
que ele faz pra pintar
todo o cerrado.
Acordar toda a vida que há,
que teima em voar,
que insiste em brotar,
que quer mergulhar,
no campo minado;
e quando setembro voltar,
acabar esse frio,
vou pra Corumbá,
ver o rei descansar
no dourado do rio.
Vem pra cá ,
quero te abraçar !