quarta-feira, 23 de abril de 2014

CORDILHEIRAS

Esse meu manso jeito,
talvez, não seja perfeito,
pra encarar suas cordilheiras,
tão geladas, tão difíceis de ultrapassar.
Não há azul de mar em seu olhar,
poço profundo, sem fim.
Não é sagrado o seu costume.
Ouço de longe o tambor pagão,
do seu caminhar.
Não há pedidos em seu chegar.
Tomas, colhe, sem nenhuma intenção.
Aceito que meu coração,
se levantou do meu canto,
foi ao seu encontro,
preso por um quebranto.
Estar com você,
é mergulhar em abismos,
enrodilhada em encantos,
buscando o mistério de sismos,
em seu adentro nada santo...
Fazer o quê agora ?
Minha liberdade de antes,
se tornou refém desses instantes,
talvez eu exista em seus sonhos desfocados
e meu coração atirado,
se tornou flor em seu terreno abandonado.

SORTE

Oh sorte, me dê um sinal !
Pode ser no arco íris,
em uma página de jornal,
ou, na gota de café, sobre o pires.

Lancei minha sorte em papéis,
teve a ver com bruxaria,
foi selada entre anéis,
e nossa caligrafia.

Tão pertinho e sem perceber,
acordei com a sorte ao meu lado,
se tornou meu bem querer,
passeia em meu sorriso, brinca em meu telhado.