sábado, 9 de julho de 2011

VIAGEM

Vacas magras, plantação.
Campo seco, verão.
Céu  morrendo,escuridão.
Riacho turvo, pontilhão.
Homem franzino, guardião.
Mulher sozinha, desesperação.

Passa rápido entre janelas,
distâncias lambidas pelo vento.
foge meu olhar da ruína,
cerrando a velha cortina.

Inquieto olhar,
quer se encostar em outro lugar.
Distraído olhar,
se chocou com um outro olhar.
Interessado olhar,
se arrisca bem perto da teia.
Prisioneiro olhar,
encontrou o seu lugar.

O que queres me contar
com tamanha intensidade?
Meu pensamento faz linhas
nos cantos da boca e da testa,
escritas de imaginação,
mapas de curiosa tensão.

O apito choroso do trem,
rompe o elo, a ligação.
Fecho os olhos enfim libertos,
dou-lhes medo e proteção.
Meu destino já está perto.
Meu destino já está marcado.
Meu destino já está traçado.
Na passagem está escrito:
"Não nas estrelas, no sal."

Será que rasgo a passagem?
Mudo o destino final?
Sigo para sua estação?
Será que  mudo a imagem,
visto um novo personagem
e,de mãos dadas com a emoção,
sigo para a sua cidade, Perdição?

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