quarta-feira, 14 de setembro de 2011

NÃo ESTOU A FIM

Saio cedo,compungido,
meio louco, distraído.
Nada no bolso,
ocupado o pensamento...
Piso aéreo sobre fossos.
Levo comigo o meu jeito moço
de seguir contra o vento.
Levo comigo o meu jeito sombra
para atravessar difíceis pontes,
sem ser notado.
Levo comigo o meu jeito rebelde
de permanecer noite.
Estou cansado da luz, do dia,
do aloite.
Não desisti de mim,
de você,de ninguém
apenas,hoje não estou a fim.
Não quero ver gente.
Quero construir distâncias.
Quero matar lembranças.
Quero acabar com esse circo
que está em de mim,
porque hoje não estou afim.
Não acordei amargo.
Não dormi mal.
Não é a recessão,
nem o vazio das mãos
mas,quando liguei a tv,
no programa que ninguém vê,
a imagem me pegou de emboscada,
me pegou despreparado,
cortou minha respiração,
sem meu café,meu cigarro,
já com bem alta pressão.
Vi um tatu queimado,com bolhas,
lento,se arrastando sobre as cinzas
do cerrado,já sem folhas.
Arte cruel,bizarra.
O pincel de fogo na mão do homem
fez farra.
Como  um soco, me atingiu uma solidão!
Uma doída solidão.
Uma insuportável solidão...
A gente já era assim
ou,compramos a maldade dia a dia?
Hoje,agora,eu não estou a fim!

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