domingo, 19 de agosto de 2012

SOLIDÃO

Solidão.
Deixei de brigar contigo,
jogar na tua cara o meu sorriso,
puro despeito por te encontrar inteira,
soberana em teu reinado de única súdita.
Deixei de te estampar bem colorida,
mudando tuas vestes cinzas,
nas escritas em meu caderno.
Joguei a toalha mas, não apaguei o fogo,
ainda és brasa,és tição vivo,
ardendo lento em meu coração.
Deixei de pintar minhas telas,
eram portas abertas,janelas
por onde eu podia passar.
Jazem agora em saco preto,
num buraco qualquer;
sem as cores,
sem os sonhos prá me encantar.
Deixei que o silêncio
enrrodilhasse minha garganta,
sufocando meu presente.

Solidão.
Não falo mais,não mando nem sinais.
Não divido conversas prá marcar meu lugar.
Não sou mais festeira,até fiquei solteira,
expremi na peneira meu desejo normal
e,piso macio nas sombras vadias
que vêm me assombrar.
Fiquei invisível e imprevisível.
Virei a poeira sem lugar prá assentar.
Fiz de minha vida uma cela,
eu,animal prisioneiro ferido,
num vai e vem acuado,
adiando a chegada da noite,
espreitando esbugalhada a visão do dia;
tentando ser restrita ao seguir teu destino.

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