terça-feira, 4 de maio de 2010

LATINA AMERICANA (Corumbá)

Gosto de viver aqui,
onde as coisas andam sem pressa,
onde não se faz promessa
que não se possa cumprir.

É doce viver na beira,
final de mundo,ponta,fronteira.
Ver a língua mansa do rio,
lambendo a margem seca,no cio.

Água,bichos do cerrado.
Campo de Deus cultivado.
Lida dura,boiadeira
faz do homem arquiteto
na planície pantaneira.

É mais latino americano
o sangue de minha veia,
por pouco se incendeia,
debaixo da mormaceira.

O sagrado e o profano
se unem em rezaria,
pagam a fé em oferenda,
acreditam em antiga lenda,
de uma praga rogada.
A tal sandalha enterrada.

Tantos santos,tantos pecados.
É Cosme,é Damião.
É Antonio,Pedro e João,
um grupo de animação;
todos juntos na festança,
revivem a esperança.

É mais latino americano,
o coração de minha gente,
dança e canta com os hermanos,
as dores que o povo sente.

A cidade bem abrigada
entre o rio e a morraria,
queria quem sabe,ser ilha.
Águas doces,calmaria,
espelho que Deus sempre mira.

É mais latino americano
a língua comprida do trem,
desbravando o Pantanal,
de Miranda à Coruumbá.
Na janela eu me encanto:
Êta mundão natural!

Em Santa Cruz de La Sierra,
eu não me sinto estranha,
tô em casa,sou um pouco castelhana.
Em La Paz no artiplano,
minha mochila não pesa,
carrego comigo apenas,
a saudade do meu bem.

A língua comprida do caminho,
me traz de volta prá casa.
Por um momento no ninho,
tomando um tereré,
roda de amigos no cais,
um causo, uma aventura a mais.
Só descansando minhas asas...
Por do sol no Pantanal.
Luz da lua em Corumbá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário