terça-feira, 11 de maio de 2010

MINHA JANELA E... SUA JANELA poema

Numa discussão à toa
que não levaria à nada,
você me chamou de coroa,
tiazona, carente, passada.

Você tem certa razão.
Numa visão eletrônica,
sou cega,não entendo a questão,
minha vida é mais orgânica.

Não sou nada virtual,
muito lenta na internet.
Blog,orkut,twiter,prá você é cabal,
prá mim,é reciclar garrafa pet.

Gosto de ler um bom jornal
e,me sentir bem atual.
Gosto de sentir meus pés no chão
e,do que posso alcançar com as mãos.

Gosto de inesperada viagem.
Gosto do que vejo em minha janela,
do rio manso,os bichos,a mata,que tela!
Do meu feijão com arroz na panela.

Gosto de sentir a gota fria da chuva,
que desenha em minha face uma curva.
gosto de abocanhar o cacho de uva,
de ver o trabalho diligente da saúva,
de seus túneis perfeitos que lhe servem como luva.

gosto de conhecer gente
que põe no riso a alegria que sente,
de escolher uma boa semente,
fazer nascer uma flor mais resistente
e,que a beleza seja mais permanente.

Gosto de acordar bem cedo,
beber o café,lembrar de um segredo,
cantar com as aves um inusitado enrêdo.
Sondar a tempestade com medo
mas, saber que aí,Deus pôs o dedo.

Gosto de percorrer o planeta,
à pé,de carro,até de motoneta.
Ter sempre pronta minha maleta.
Conhecer povos,costumes em novas facetas.

Gosto de estar longe de espaços espremidos,
de não ter que tomar meus comprimidos,
de saber que só eu decido,
se devo ou não, liberar minha libido.

Gosto de sentir um pouco de maldade,
desejar que essa sua pouca idade,
lhe dá uma noção curta da realidade,
lhe prendendo nos luminosos falsos da cidade.

Gosto de saber que essa sua cela,
está cercada de prédios altos e ruelas,
que sua vida sem sol,lhe amarela,
que só botões conseguem abrir sua janela,
que as imagens mostradas em sua tela,
são artificiais,nenhuma surpresa lhe revela.

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