quarta-feira, 25 de abril de 2012

MINHA DOR

Vou espalhar minha dor pela cidade,
botar palavras,fazer delas versos simples,
cantá-la num samba bem canção,
em portas de bares,só com violão.
Vou torná-la estrangeira,
congelá-la nas Cordilheiras,
fazer dela um grito de guerra
en las calles de La Paz.
Vou deportá-la para a China
ou,talvez prá Argentina,
afogá-la em Las Bocas
ou,quem sabe compor um tango,
uma milonga,
com sucesso nas Malvinas.
Vou bebê-la com los hermanos,
brindá-la com viño chileno.
Vai prá bem longe a minha dor,
lá prá costa sul da Tailândia,
virar azul,se diluir no mar.
Talvez virar boêmia na Cinelândia.
Virar fumaça em São Paulo.
Virar um blues de bordel,
na voz do outro mundo de Gardel,
num primeiro de abril em Seatle.
Vou espalhar minha dor
aqui mesmo,nesse canto do fundo,
desse boteco onde nada acontece.
Vou fazer um show de rock
entre os manos e as minas,
entre os bêbados e os solitários,
entre os aplausos e as porradas,
vai se cantar a minha dor.

2 comentários: