sexta-feira, 5 de outubro de 2012

MELHOR IDADE

Aprendi a dirigir
muito cedo,muito cedo,
minha idade era ilegal,
eu,de nada tinha medo,
me arriscar,era normal.
Pelas vias de São Paulo,
dirigia um carro velho
que pegava só no tranco,
empurrado por estranhos.
Eu sonhava com um Simca,
com um Simca Chambord.
Namorava escondido,
um brotinho da escola
mas,meu coração ferido,
amava quem não me dava bola.
Não havia internet,
toda livre,esparramada,
só conseguia chegar nos garotos,
com caderno de enquete
e,os bilhetes corriam soltos,
no Correio Elegante.
Ao padre não confessava,
meus pecados mais "medonhos",
a consciência abafava,
os maus pensamentos,nos sonhos.
Brincadeiras de ser gente,
cresciam dentro do jeans desbotado,
enquanto esperava de contrabando,
a Lee branca do Paraguai.
O meu sonho impossível era a Lee,
desejava muito, uma branca Lee.
Os tempos tão inocentes
voavam por baixo da saia godet,
os beijos eram roubados,
punham o sangue prá ferver.
Morava em uma vila comprida,
com o olhar abarcando a cidade,
à noite as luzes acesas,
pareciam  constelação.
Eu não sabia
mas,estava na melhor idade.

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