quarta-feira, 10 de outubro de 2012

RASTRO DE JAGUAR

Aqui na planície alagada,
o jeito é bem diferente,
o tempo faz emboscadas,
testando a coragem da gente.
Poeira,fumaça na tarde,
reluz o reio no estalo,
o salgado da pele que arde,
tempera um café mais ralo.
O sangue estampa no céu,
vasos,veias e artérias,
mapas de caminhos ao léu,
no espelho da baía,em animada matéria.
Só o homem pantaneiro,
vida toda no cerrado,
tem coração estradeiro,
pulsando no chão amado.
O grito do velho vaqueiro
que leva a vaquejada,
alerta o companheiro,
prá cuidar da bezerrada.
O som distante do berrante,
me lembra a Ave Maria,
rezo por esses gigantes,
na luta por cada dia.
Em volta da bela fogueira,
fome e sede saciadas,
os causos,modas,besteiras,
conversam,com as solidões relaxadas.
Tudo se transforma em magia,
quando a chuva cai de repente.
Raios,trovões,ventania,
inundam a noite quente.
Quem nasceu nesse mundão,
cavalgou sob o sol,ouviu rugidos ao luar.
Quem dormiu sob as estrelas,fez a cama nesse chão,
sabe que aqui deixou seu rastro de jaguar.

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