sábado, 15 de outubro de 2011

AO FINAL DE TUDO (Depois de kafka e Clarice)

Ao final de tudo
já não serei mais eu,
carne e osso;
fácil de tocar,
fácil de ouvir.
Serei menos.
Serei mais.
Serei só um desenho
feito de giz nas trevas;
visto de relance,
visto no instante,
fácil de apagar,
fácil de esquecer.

Ao final de tudo
vou morar nos sonhos
que eu mesma construí.
Vou flutuar mais à vontade
nesse mundo só meu.
Vou ser só energia,
me alimentar de alegria.
Serei apenas essência,
presa na transparência
do meu enrêdo particular.
Fácil de ver.
Fácil de entender.

Ao final de tudo
voltarei para a noite.
Serei um fragmento.
Brilho de estrela.
Rabo de cometa.
Um ponto a mais no breu.
Fácil de encontrar.
Fácil de permanecer.

Ao final de tudo
serei apenas pedaços
de emoções.
Serei fagulha no instante;
que durará,
que perdurará,
que tremulará,
antes de se lançar labareda
queimando no infinito.

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