sexta-feira, 7 de outubro de 2011

AS MULHERES PANTANEIRAS

Falta água na torneira
das mulheres lavadeiras.
Falta feijão na panela
das mulheres mais velhas.
Falta terra prá plantar
para as mulheres desse lugar.

Lá vão elas
com a trouxa na cabeça,
um rodilho prá equilibrar.
Em casa,antes que o sol desapareça,
faz qualquer coisa pro jantar.

Muita roupa prá lavar.
Muita água prá carregar.
Criança barrigudinha
corre descalça na estradinha.
Falta tempo prá abraçar.

Falta terço prá rezar
para as que são benzedeiras.
Nas águas doces que já foram mar,
zinca o socorro das parteiras,
traz ao mundo mais uma pantaneira.

Falta viço de arvoredo
na pele tostada de sol
das que estão na lida mais cedo.
Falta carmim de roseira
nas que são mais faceiras.

Lava os calos com sabão.
Pente de osso pro pichaim.
Água de cheiro no coração,
À noite se deixa levar na cama de capim.

Debaixo do sol ardente
ou,sob o manto de estrelas,
são todas mulheres valentes,
essas belas pantaneiras.

Rema,rema remador
a saudade a desaguar.
Rema prá longe a tal dor
prá chegar em Corumbá.

Na cidade é cinderela,
vestido de chita,faceira.
No cais do porto,em tarde de aquarela,
sua vida parece uma simples brincadeira. 

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