terça-feira, 4 de outubro de 2011

AMÉRICA. EU TÔ EM CASA

Não quero uma casa no campo
que me estampe na mesma paisagem.
Quero uma casa sobre rodas,
sem enderêço,na América do sul,em viagem.

Só prá dirigir,um sujeito livre,leve,solto,com tino,
que diante do susto,do inesperado,sorria,
que não tenha pressa,que não se preocupe com o destino,
que aprecie um café forte e doce, ao raiar do dia.

Levar comigo tudo que me é caro,
quem sabe Andréa,com certeza Rafa e Fernando.
Meu cão Veludo,sua fidelidade,seu faro,
dois ou três "adotados",prá completar o bando.

Minhas flores,enfeitando as janelas,
nas paredes,os retratos do passado
prá ir matando as saudades mais singelas
que em meu peito estacionaram em esquerdo lado.

"No me quedar in ningún hogar,
solo se fuera por una parrilhada al punto
o una trucha caliente a la plancha,
o para mirar el mejor hogar del mundo"

Em meu quintal a visão da Cordilheira,
dos vulcões,das lagunas,do deserto de sal,
dos rios velozes,das ruínas,das geleiras,
das belas praias,das cachoeiras,do Pantanal.

Longe do borburinho,da badalação.
A Clarice,Coralina, a Allende,na cabeceira.
O Alencar,o Amado,em minha rede,sob um céu de constelação.
Paz,amor e beleza,com esses ingredientes ser doceira.

Machu Picchu,Urubamba,corredeiras do barulho,
no ouvido a Vanessa,Venegas,Gadu,Marisa,
Lenine,Bublé,Seu Jorge,o Sarravulho...
"Me abraça manta colorida,me proteja amuleto,passe por mim inusitada brisa!"

Aonde estou? Eu tô em casa.
Eu sou daqui,do altiplano,eu sou de lá.
Sou do Brasil,sou do cerrado,do alagado,
do Chacaltaya,do Atacama,Terra do fogo,de Corumbá.

Roda é giz desenhando carreteiras.
Meu coração vai de carona,não tem fronteiras.
Minha vontade é livre,é mochileira.
Minha porta é de sol,o que vale é sagrado,é branca minha bandeira!

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