terça-feira, 25 de setembro de 2012

EVA

A inocência de Eva
foi para as ruas,
deu por falta do destino,
preso num cigarro aceso,
que a fumaça levou embora.
Eva plantou na esquina,
sua necessidade de respirar,
se embriagou de paixão,
se exibiu com suas plumas.
Só pensava em voar dalí.
Eva não conheceu nenhum Adão,
pai, irmão, amigo...
Tem por protetor,um cafetão.
Eva juntou garfos e facas,
pôs sua beleza na mesa,
uma ceia quase bíblica
e, se serviu no jantar.
Eva se sente cansada,
entre as molduras de vitrines,
está virando alvo dos inúteis.
Tomates,ovos,atirados ao seu redor,
deixam seu mundo pior.
Quando o dia aparece,
mostra Eva alisando livros,
comprando sapatos,roupas bonitas,
perfumes caros,pentes de ossos,
prá pentear futilidades externas.
Sua cara continua pintada,
precisa chamar atenção,
esconder a cicatriz que faz contorno
em seu olhar,em sua boca,em suas mãos.
Eva está com a validade vencida
e,não aprendeu inglês,nem português,
só a lingua que "ela fez",
perto de um chão de privada.
Foi assim que deu entrada,
na calçada da infâmia.


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