domingo, 16 de setembro de 2012

PELE ABERTA

Às vezes,os meninos de minha rua,
botam as horas em fios,
só para vê-las passarem,
assim,bem coloridas,empinadas,
bandeirolas tremulando ao vento.
Fazem sombras deslizantes
em meu quintal,
eu passando,fico a olhar...

Às vezes passo um fio,
no buraco da agulha,
vou remendar a alma rasgada,
que do corpo quer sair.
Faço pontos bem sumidos,
esse corpo ainda dá de usar...

Às vezes, no entardecer,
vejo soltos,vários fios de sangue,
na pele azul do céu, retalhada.
Pele aberta e sangue que não escorre.
Um fio separa o sol do rio,
tá inundado de dourado,vai se afogar.
Meu olhar alucinado,
não poderá o fio salvar.

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