Viver aqui e agora
é bom e cheio de calor,
quando a noite ao dia devora
o som e o perfume têm certa cor.
As tardes são silenciosas,
cheias de preguiça,
cheiram a perfume de rosas,
ao meu instinto enfeitiça.
A algazarra de cantos tardios
ecoam por entre a mata
fazendo que cães vadios
demonstrem muita bravata.
Há o reclame da criança:
"Ainda há tempo de brincar!"
Da mãe que tem esperança,
ao filho uma educação dar.
Mas...tudo acontece devagar
em meio à comida e dormida,
e tudo fica sem par
perdidos em meio à lida.
Com um olhar mais atento
roupa suja vira bandeira
desfraldada pelo lamento,
de quem já está na fronteira.
Onde começa a pobreza ?
Onde termina a sujeira?
Na caixa que vira mesa
ou na diária canseira?
Nesse ambiente abafado
há duas redes surradas
que já roubaram o feitio
dos corpos de formas mirradas.
A fé está sempre atrasada,
na parede presa a um prego,
contando em rezas marcadas,
pedidos de quem está cego.
Mas é por aquele buraco
que tem nome de janela,
que o sonho é um marco,
da vida depois da cancela.
Do lado de lá há promessa
de um mundo verde e fartura,
cá dentro o desalento confessa,
é mundo que não se atura.
O sonho às vezes engana
com brilho,no caminho de asfalto,
escolhe de forma insana,
deixa tudo num salto.
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