quinta-feira, 25 de março de 2010

FRONTEIRA______Poema

Viver aqui e agora
é bom e cheio de calor,
quando a noite ao dia devora
o som e o perfume têm certa cor.

As tardes são silenciosas,
cheias de preguiça,
cheiram a perfume de rosas,
ao meu instinto enfeitiça.

A algazarra de cantos tardios
ecoam por entre a mata
fazendo que cães vadios
demonstrem muita bravata.

Há o reclame da criança:
"Ainda há tempo de brincar!"
Da mãe que tem esperança,
ao filho uma educação dar.

Mas...tudo acontece devagar
em meio à comida e dormida,
e tudo fica sem par
perdidos em meio à lida.

Com um olhar mais atento
roupa suja vira bandeira
desfraldada pelo lamento,
de quem já está na fronteira.

Onde começa a pobreza ?
Onde termina a sujeira?
Na caixa que vira mesa
ou na diária canseira?

Nesse ambiente abafado
há duas redes surradas
que já roubaram o feitio
dos corpos de formas mirradas.

A fé está sempre atrasada,
na parede presa a um prego,
contando em rezas marcadas,
pedidos de quem está cego.

Mas é por aquele buraco
que tem nome de janela,
que o sonho é um marco,
da vida depois da cancela.

Do lado de lá há promessa
de um mundo verde e fartura,
cá dentro o desalento confessa,
é mundo que não se atura.

O sonho às vezes engana
com brilho,no caminho de asfalto,
escolhe de forma insana,
deixa tudo num salto.

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