terça-feira, 30 de março de 2010

PEDAÇOS poema

Não me sinto inteira sem você,
estou feita de pedaços,
como quebra-cabeça sem solução,
como esses cacos disformes
que colam velhas calçadas,
por onde passo.

Minhas mãos vazias
querem te tocar.
Meus braços
são ninhos abandonados,
esperando prá te abraçar.
Os meus pés
seguem o seu rastro no caminho,
mesma direção.

O meu cansado coração,
anda hipertenso,
angustiado se isolou
num espaço imenso,
com um tum-tum acelerado,
na mesma batida do seu:
"Você já o teve e perdeu!"

Tudo que consigo ver,
são as imagens das lembranças
estampadas em porta-retratos,
em cada canto da casa.
Tudo que consigo ouvir,
é a risada da piada
cheia de malícia,
o deboche do canastrão feliz,
em louco teatro.

A música que agora ouço,
tem origem no nordeste,
Zé e Alba Ramalho.
Tudo que consigo sentir,
é o seu odor marcante,
mistura de suor e perfume caro,
na camisa esquecida,
na cueca abandonada,
no chinelo sem par
ficados para trás em sua pressa de ir.

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