sexta-feira, 23 de abril de 2010

IN THE CITY poema

Saí do campo em viagem,
quis rever os meus parentes,
usei cavalo-canoa-trem
prá alcançar a minha gente.

Na cidade uma loucura,
carros-ladrão-fumaça,
já me deu uma tontura.
Me senti a própria caça.

Abraçei minha sacola
como meu galo de estimação.
Gente andando ou pedindo esmola,
outras dormindo no chão.

Subi numa caixa apertada
de nome "elevador",
minha cara desbotada,
mostrava o meu temor.

Naqueles dois quartos e sala,
tentava matar o tempo
abrindo e fechando a mala...
Mudei de comportamento.

Até no computador,
com os dedos de catar milho,
"entendi" o difícil labor,
escolhido por meu filho.

Sem ter muito o que fazer,
no apartamento pequeno,
peguei o binóculo prá ver
o tamanho do terreno.

As pessoas, lá embaixo,
a mim parecem formigas,
de tribos que não me encaixo.
A solidão é bem vestida.

Aqui dessa janela,
fiquei à parte observando,
entendi que não vivo na cela,
pois não faço parte do bando.

É surreal a brincadeira
de por olhar em janelas,
espreitamos a vida alheia
e, queima o arroz na panela.

Do alto do arranha-céu,
vejo alguém à minha espreita,
se esconde por trás do véu,
de uma cortina perfeita.

Ele? Ela? o que deseja?
Me olhando assim sorrateira,
me causando brotoejas.
Quem mandou fazer besteira?

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