Saí do campo em viagem,
quis rever os meus parentes,
usei cavalo-canoa-trem
prá alcançar a minha gente.
Na cidade uma loucura,
carros-ladrão-fumaça,
já me deu uma tontura.
Me senti a própria caça.
Abraçei minha sacola
como meu galo de estimação.
Gente andando ou pedindo esmola,
outras dormindo no chão.
Subi numa caixa apertada
de nome "elevador",
minha cara desbotada,
mostrava o meu temor.
Naqueles dois quartos e sala,
tentava matar o tempo
abrindo e fechando a mala...
Mudei de comportamento.
Até no computador,
com os dedos de catar milho,
"entendi" o difícil labor,
escolhido por meu filho.
Sem ter muito o que fazer,
no apartamento pequeno,
peguei o binóculo prá ver
o tamanho do terreno.
As pessoas, lá embaixo,
a mim parecem formigas,
de tribos que não me encaixo.
A solidão é bem vestida.
Aqui dessa janela,
fiquei à parte observando,
entendi que não vivo na cela,
pois não faço parte do bando.
É surreal a brincadeira
de por olhar em janelas,
espreitamos a vida alheia
e, queima o arroz na panela.
Do alto do arranha-céu,
vejo alguém à minha espreita,
se esconde por trás do véu,
de uma cortina perfeita.
Ele? Ela? o que deseja?
Me olhando assim sorrateira,
me causando brotoejas.
Quem mandou fazer besteira?
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