segunda-feira, 12 de abril de 2010

A LÁGRIMA poema

Há uma gota de lágrima
que rola-aumenta-embola-atola-estanca,
aprisiona o soluço na garganta,
quer sair-fugir-escapar-escorrer
por mil poros-tubos-canais.
Pulsa, se expreme,se expulsa,
cai prisioneira
no buraco que cavou.
Faz doer o peito,
deixa tenso,hipertenso o coração.

Há uma gota de lágrima,
densa-imensa-não cansa,
quer se bandear-baldear-enxarcar.
Não faz ruído,nenhum gemido,
apenas brilha,
descansa na beira
do olhar perdido,
se abastece enquanto cresce,
não da pista, é masoquista.
Parasita do medo,do segredo,
faz enredo.

Há uma gota de lágrima
que desliza-escorrega-descarrega
na extremidade afiada da lâmina,
que talha-entalha-da forma.
Ganha cor do rubor e sabor do suor,
que estampa-espanta-ganha fama,
é porta,tampa,caixa,estátua,escultura.

Há uma gota de lágrima
na ponta do espinho fininho,
que desce-umidece-segue a trilha,
cai do alto,um salto,no chão,
se alarga,se esconde-por onde-profundo.
Milhões de gotas,ritual tão atual,no mundo
desnudo-concreto-tão certo-na terra
que espera-agoniza-sedenta
faz milagre,nasce a flor.

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